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Existem alguns macetes que podem facilitar em
muito o relacionamento entre pescador e equipamento e, pela quantidade de
barcos, carretas, motores de popa e elétricos que são vendidos diariamente,
algumas dessas dicas serão úteis aos que estão tomando contato com esse tipo de
tralha pela primeira vez.
BARCOS
Para a pesca na modalidade de arremesso com
iscas artificiais – normalmente praticada em pé ou com o uso de cadeiras com
pedestal – o ideal é que o barco seja o mais estável possível. Nos barcos leves,
pequenos ou médios, ou seja, para motores até 25 HP, essa estabilidade só pode
ser conseguida com casco do tipo chato ou muito próximo a isso.
Obviamente, barcos maiores, mesmo com o casco
em V, podem ter a estabilidade desejada graças ao seu peso e inércia. Se a
embarcação que você pretende usar nessa modalidade de pesca estiver equipada com
os clássicos estrados ripados, procure substituí-los por inteiriços, de
compensado naval. É uma operação simples e pouco dispendiosa, mas que contribui
muito para o seu conforto nas pescarias.
MOTORES DE POPA
É fundamental que o motor de popa seja
compatível com o conjunto que vai empurrar. Por isso, todos vêm com avisos de
potências máximas recomendáveis, o que é prudente obedecer.
Não obstante, podemos, em certos casos,
melhorar muito o rendimento do conjunto com uma simples troca da hélice do
motor. Usando uma de passo maior num conjunto equilibrado, vamos obter, na
maioria das vezes, rendimento melhor. O senão é que essa modificação dá ganho de
velocidade, mas perda de torque. Assim, se o barco estiver muito pesado, vai
demorar mais para planar, o que aumenta o consumo de combustível.
Essa conseqüência indesejável, que ocorre em
alguns casos, pode ser eliminada com o uso de um estabilizador (Hidrofoil). Esse
acessório pode se encontrado nas boas lojas do ramo. Faz o barco planar
rapidamente, melhorando as arrancadas e economizando combustível.
Como uma hélice padrão, caso o seu barco demore
a planar devido a pouca potência do motor utilizado ou ao peso excessivo, as
opções são utilizar uma hélice de passo menor que possui mais torque, que, em
contrapartida, proporciona menor velocidade final. Ou então adaptar um
estabilizador que, na maioria das vezes, melhorará o rendimento do barco nas
arrancadas. O estabilizador é também a solução para barcos que teimam em
continuar “cavalgando” por mais que ajustemos a inclinação da rabeta ou mudemos
a distribuição de peso dentro deles.
Ainda no tocante às hélices, é muito importante
lembrar que passos diferentes alteram o regime de giro final do motor. Por
exemplo: a troca de uma hélice de passo 13 por uma de passo 14 usualmente baixa
o limite de giro do motor em aproximadamente 200 rpm e vice-versa.
Isso significa que, com mudanças grandes de
passo, poderemos fazer o motor trabalhar abaixo, no caso de passo maior, acima
com passo menor, ou então muito próximo do limite de giro (à velocidade máxima),
máximo ou mínimo recomendável pelo fabricante. Em qualquer dos casos estaremos
forçando o motor e comprometendo a sua durabilidade.
Nos motores equipados com conta-giros é fácil
detectarmos o problema. Já em motores sem esse dispositivo fica muito difícil
definir os limites. Nesse caso, antes de qualquer troca, siga as orientações da
assistência técnica autorizada. Ainda no tocante à hélice os fabricantes e
distribuidores de motores de popa deveriam manter algumas de diferentes passos
à disposição dos consumidores para que eles pudessem testá-las em seus barcos.
Seria serviço de primeiro mundo, mesmo porque ninguém vai ficar comprando
hélices, normalmente, caríssimas sem saber se vão apresentar o resultado
desejado. Seria muito mais lógico ir até o revendedor. Deixar uma garantia
qualquer e levar uma hélice test-drive numa pescaria no final de semana
para depois optarmos ou não pela compra de uma com as mesmas características.
Prenda o pino que trava a rabeta do motor com
uma cordinha fina. Essa providência simples poderá evitar que você o perca
durante o manuseio para uma eventual mudança de ângulo da rabeta que, às vezes,
se faz necessária como, por exemplo, no caso de alterações de lotação do barco
ou de navegação em águas agitadas.
clique na foto para ampliá-la
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Estabilizador e hélice com passo diferente podem melhorar as arrancadas e o rendimento final. |
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MOTORES ELÉTRICOS
De grande utilidade na pesca com iscas
artificiais, na de caceio e até na de rodada, os motores elétricos podem ser
encontrados em modelos de diferentes potências para atender as necessidades
tanto de uma pequena canoa em pescarias em lagos e lagoas, como também de barcos
grandes e pesados em situações de ventos e correntezas.
Podem ser encontrados também com haste de
diferentes medidas, sendo as mais comuns de 30, 36 e 42 polegadas e, ainda
excepcionalmente, 48 e 54 polegadas. No caso de motores com controle manual
montados na proa ou na popa e desde eu você pretenda pilotá-los sentado em
cadeira giratória ou comum a sugestão é seguir a tabela:
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Distância da borda do barco linha d'água |
comprimento da haste |
0 a 25 cm |
30"(76,20 cm) |
24 a 40 cm |
36"(91,44 cm) |
40 a 55 cm |
42"(106,68 cm) |
Caso você pretenda pilotar em pé, deverá usar o
motor com a haste no mínimo de 36 polegadas. Se a sua opção for por um motor
de controle a pedal – fixado obrigatoriamente na proa – as medidas sugeridas são
as seguintes:
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Distância da borda do barco linha d'água |
comprimento da haste |
0 a 40 cm |
36"(91,44 cm) |
45 a 55 cm |
42"(106,68 cm) |
55 a 70 cm |
48"(121,92 cm) |
70 a 85 cm |
54"(137,16 cm) |
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Em se tratando de motores elétricos com comando
de pedal é muito importante à altura da cadeira giratória da qual pretendemos
pilotá-lo. O ideal é que fiquemos quase de pé o que facilita muito mais. Com a
cadeira baixa precisamos flexionar muito a perna, o que dificulta sobremaneira o
acionamento do pedal. Só a título de ilustração, o grau de dificuldade é muito
semelhante ao que teríamos tentando pedalar uma bicicleta de criança ou uma cujo
selim estivesse muito baixo em relação à nossa altura.
Na realidade, a posição correta para pilotar
motores elétricos com comando a pedal é mais encostada no banco do que
propriamente sentada. Para esse fim existem barcos especialmente desenhados em
formato que se assemelha exatamente a um grande selim de bicicleta.
Os motores com comando manual podem ser
adaptados tanto na popa como na proa do barco, sendo que na proa o seu
rendimento será indiscutivelmente melhor. Em barcos do tipo chata o ideal e
adaptá-los exatamente no espelho de proa e nos barcos de bico o mais próximo
possível a ele. Os motores desse tipo vêm montados de fábrica para uso no popa,
ou seja, o manche em direção oposta ao da hélice. É claro que essa montagem não
se presta para utilizá-los na proa, pois na posição ideal ( próximo ao bico ou
no espelho de proa), você praticamente teria que sair fora do barco para
comandá-los.
A solução para isso na maioria dos modelos é
muito simples. Basta soltar o parafuso que trava a cabeça do motor e girá-la
180º , ou seja, deixando o manche na mesma direção da hélice.
Antes de recolocar o parafuso, verifique se a
fiação não está obstruindo o furo. Caso esteja, utilize um desses espetinhos de
madeira ou algo similar para afastar os fios, evitando assim danificá-los com a
rosca do parafuso. Nos modelos em que essa mudança só seja possível acessando a
arte interna da cabeça, é preferível deixar o serviço por conta de uma
assistência técnica especializada.
Com o motor elétrico na proa, o ideal
(principalmente no caso de barcos leves) é utilizá-lo com o motor de popa na
posição normal de navegação, tomando o cuidado de mantê-lo alinhado com a proa
do barco. Isso evita que o barco comece a “sambar” quando o elétrico for
acionado.
Se a opção for montar o elétrico na popa, evite
cometer dois erros. O primeiro é deslocar o motor de popa do centro do espelho
de popa para dar espaço ao elétrico. Isso além de ser um absurdo é muito
perigoso pois, com o motor principal fora de centro o seu barco ficará
totalmente desequilibrado, com conseqüências imprevisíveis quando navegando em
alta velocidade. O segundo erro a ser evitado é o de fixar o motor elétrico
próximo à popa mas, na lateral do barco. Pode ter certeza de que nessa posição
você não conseguirá nem 60% do rendimento que ele pode alcançar.
Para a montagem na popa, a melhor opção é
adaptarmos um suporte no espelho de popa próximo ao canto do barco ( mais o
menos onde se localiza a alça externa para transporte e a cantoneira interna de
reforço) e do lado esquerdo do motor de popa. Esse suporte pode ser uma chapa de
alumínio ou galvanizada que será fixada ao espelho de popa e deverá ultrapassar
a altura da borda e quanto for necessário para podermos fixar a báscula do motor
elétrico. Na parte do suporte acima da borda do barco, devemos fixar uma placa
de madeira de cada lado para perfeito assentamento do elétrico.
Com essa opção de montagem, para um rendimento
ideal, você deverá levantar o motor de popa quando for utilizar o elétrico,
pois, com a rabeta submersa fica muito mais difícil controlar o barco,
principalmente em manobras visando direcioná-lo para o lado direito, pois o
fluxo de água criado pela hélice do elétrico rebate na rabeta do de popa,
neutralizando quase que totalmente a força de empuxo gerada. Os motores
elétricos podem ser utilizados com baterias comuns de automóveis, mas sem
dúvida, o ideal é utilizarmos as baterias especiais para esse fim. As comuns são
projetadas para liberar uma grande quantidade de carga por curtos períodos de
tempo (partida do motor) e imediatamente serem recarregadas pelo alternador. A
sua utilização com descarga contínua – como é o caso dos motores elétricos –
esgota a maior parte de sua carga obrigando a recargas constantes. Esse carrega
e descarrega constante diminui sensivelmente a vida útil desse tipo de bateria.
O ideal portanto, é utilizarmos baterias do tipo ciclo contínuo (ou
estacionárias) com a Delco 2000 (nacional) ou a Minn Kota (importada). São
projetadas para liberarem carga de maneira contínua e por períodos prolongados e
podem ser recarregadas inúmeras vezes sem comprometer sua vida útil. Se você
pesca constantemente, vale a pena investir um pouco mais numa bateria dessas,
pois além de você pescar muito mais tempo entre uma recarregada e outra vai ter
um produto com vida útil muito mais longa.
Da mesma maneira que com os ciclos de descarga,
as baterias comuns e estacionárias também tem ciclos de de cargas diferentes, o
que vale dizer que você só pode obter a máxima carga de qualquer uma delas
utilizando carregadores compatíveis a cada tipo, ou então que ofereçam as duas
opções. É o caso no Minn Kota que possui chave seletora para baterias comuns ou
de ciclo contínuo.
Se o seu motor elétrico for de comando manual é
quase certo que o seu sistema de báscula é do tipo convencional semelhante ao
dos motores de popa. Nesse caso é indispensável que você fixe duas placas de
madeira, uma por fora e a outra por dentro da borda do barco, no local aonde vai
ser instalado o elétrico, para obter um perfeito assentamento da báscula. Essas
placas de madeiras podem também ser removíveis, de maneira que você pode usá-las
em qualquer barco em que porventura for pescar.
clique nas fotos para ampliá-las
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A cordinha fina pode evitar que a trava caia na água. |
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Inverter a posição da cabeça, na maioria dos motores, é uma operação simples. |
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Baterias de ciclo contínuo são as ideais. |
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Carregador com chave seletora para os dois tipos de carga. |
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Placas de madeira proporcionam o perfeito assentamento da báscula. |
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Placas removíveis permitem o uso em outros barcos. |
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RACKS E CARRETAS
Com veículos comuns – exceto os caminhões ou
caminhonetes com caçamba espaçosa -, só existem, ao que eu saiba, duas maneiras
de transportar barcos para o locar da pescaria: ou utilizando racks na
capota do veículo ou carreta. O transporte em racks só é recomendado no
caso de barcos leves, que não ultrapassem o comprimento do veículo. Além do mais
os racks realmente confiáveis são aqueles que podem ser fixados na calha
da capota do veículo. Acontece, porém, que a maioria dos veículos modernos não
possui mais esse tipo de calha. A única saída nesses casos é tentar adaptar
racks transversais aos bagageiros que equipam opcionalmente alguns modelos.
Essa adaptação é, na maioria das vezes, complicada e pouco confiável devido à
fragilidade desses bagageiros. O jeito mais seguro e mais prático, sem dúvida, é
partir para uma carreta.
Em todo caso, se você possui um
rack confiável e vai transportar o barco na capota, sugiro que abandone as
cordas e nós de caminhoneiro da vida e parta para as práticas cintas de náilon
equipadas com catracas. Existem várias opções nacionais e importadas e, sem
dúvida, elas são muito mais práticas e confiáveis. Apenas um detalhe. Assim como
as cordas de náilon a maioria das cintas laceiam sensivelmente, quando molhadas
ou mesmo úmidas. Por essa razão não esqueça nunca de conferir a sua tensão em
casos de chuva ou quando o veículo passar a noite ao relento.
clique
nas fotos para ampliá-las
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Cintas de náilon com catrata substituem, com vantagem, cordas e nós complicados. |
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Cinta de náilon com catraca |
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DETALHES BÁSICOS
Existem inúmeras boas opções de carretas
disponíveis no mercado. Seja qual for a escolhida é prudente observar alguns
detalhes básicos para que o conjunto funcione bem.
O peso no engate dever ser o equivalente a 10%
do peso total do conjunto todo, ou seja, carreta, barco, motor, tanque de
combustível, baterias e tudo mais. Essa relação de peso ideal poder ser
conseguida pela própria distribuição de tralhas no barco, com contrapesos, com o
posicionamento (mais dianteiro ou mais traseiro) do eixo da carreta ou ainda
aumentando ou diminuindo o comprimento do seu braço (cambão).
Eixos posicionados mais distantes do engate
facilitam a distribuição de peso do conjunto, principalmente, quando
transportamos o motor fixo no barco e, além disso, oferecem duas grandes
vantagens: facilidade para colocar e retirar o barco da água sem necessitar
desengatar a carreta do veículo ou entrar com ele na água e proporcionar maior
controle nas manobras de aproximação e estacionamento. Uma norma é uma distância
entre o eixo traseiro do carro e o eixo da carreta igual ao dobro da distância
entre eixos do carro.
A esfera do engate deve ser travada
impreterivelmente com porca tipo castelo e cupilha. Além disso, use sempre
correntes de segurança para prender a carreta no engate do carro. É
desagradabilíssimo perder ou destruir uma carreta com barco e tudo mais pelas
estradas e pirambeiras da vida.
Por medida de segurança adicional, trave a
alavanca do engate da melhor maneira possível, pois nunca se sabe quando um
curioso da vida vai bulir nas coisas enquanto paramos em algum posto de
serviços.
A geometria ensina que três pontos criam um
plano perfeito. Por essa lógica, a melhor maneira de fixar o barco à carreta é
através de três pontos de amarração. O primeiro deles no olhal de proa da
embarcação, pode ser feito com um pequeno guincho auto-travante que apresenta a
vantagem de retirada do barco da água. Os outros dois podem ser conseguidos com
o uso de duas práticas e eficientes cintas com fivelas tipo trava de pressão
atadas de um lado nas alças de transporte traseiras (externas) ou em olhais
fixados um no espelho de popa do barco e o outro na carreta. Pode ter certeza
que nenhum outro sistema de amarração é tão eficiente.
A prudência recomenda que levemos sempre uma
roda de estepe para a carreta e a lei de Murphy obriga que nos certifiquemos
antes de sair se a chave de rodas do carro serve para as porcas das rodas da
mesma.
Se você transporta seu motor fixo no barco, o
ideal é usar um suporte próprio para rabeta, de maneira a mantê-la livre de
lombadas e valetas. Caso contrário coloque o pino que a regula na posição de
maior inclinação. Com isso você poderá ganhar até 10 cm livres a mais em relação
ao solo em se comparando com a inclinação normal de navegação. Detalhe: jamais
trafegue com o motor apoiado no suporte destinado a águas rasas ou no de
descanso. Tome também o cuidado de fixá-lo com o auxílio de uma cordinha para
que o mesmo não viaje chacoalhando de um lado para o outro.
Concentre-se durante todo o trajeto que você
está rebocando um conjunto pesado que sem nenhuma dúvida altera as condições
normais do veículo, principalmente em ultrapassagens e freadas.
Lembre-se que coletes salva-vidas, extintor de
incêndio, bóia circular, cabos e poita são itens de segurança obrigatórios. E
por falar em poitas aqui vai uma dica final para quando você tiver que poitar
seu barco longe do barranco e não estiver a fim de voltar para a terra nadando.
Aconteceu o seguinte: O barco foi amarrado no barranco, antes do almoço com a
maré cheia e, no final da tarde quando se pretendia sair para pescar, o barco
estava no seco graças à vazante da maré. Entre arrastar o barco pelo lodo do
mangue e voltar para a casa, foi optado pela segunda opção e serviu de lição.
Com o macete isso nunca mais ocorreu e ele é muito simples:
-
amarre na base da sua âncora ou poita uma
corda com resistência apenas o suficiente para puxar o barco pela água e que
tenha com sobra comprimento suficiente para cobrir a distância entre o local
em que você pretende que o barco fique ancorando e o barranco;
- enrole cuidadosamente o
cabo da âncora sobre o castelo de proa colocando-a por cima do rolo;
-
empurre o barco (de marcha ré) em direção ao
local da poitada;
- quando o barco atingir
o local desejado dê um puxão seco na corda secundária fazendo com que a âncora
caia na água;
- amarre a ponta da corda
secundária no barranco deixando-a frouxa.
Quando quiser sair com o barco você só
precisará puxar a corda secundária que fará pressão exatamente do lado contrário
ao que a âncora trava, trazendo-a suavemente até a margem e atrás dela o seu
barco.
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